Diversificação

Categoria: Tópicos Operacionais | 04.09.2008 | sem comentários



          A diversificação, no mundo dos investimentos, é como o investidor divide sua poupança nos diversos ativos financeiros e reais, como: colocar 10% de seu dinheiro na poupança, 50% em fundos de renda fixa, 20% em fundo imobiliário e 20% em ações.

A diversificação ajuda a reduzir os riscos de perdas. É o velho ditado: “não coloque todos os ovos numa única cesta”. Desta forma, quando um investimento não estiver indo muito bem, os outros podem compensar, de forma que na média não tenha perdas mais expressivas.

Imagine uma pessoa que compre 100% de seu capital em ações de uma empresa que venha a falir! Da noite para o dia este investidor perdeu todo o seu dinheiro. Melhor então dividir o bolo em vários investimentos. A forma como a pessoa diversifica suas aplicações depende de seu perfil como investidor, especialmente do nível de risco que aceita, do prazo que espera obter rendimento, de seus objetivos de vida, e do volume de dinheiro que pode investir.

Uma pessoa com pouco capital tem menor capacidade de diversificar que uma pessoa com muito dinheiro. Quem tem dez mil reais não pode querer investir uma parte em imóveis, o que é possível para quem tem um milhão de reais, por exemplo. Também é preciso lembrar que existem os valores mínimos exigidos para cada aplicação. Assim, se um fundo de ações exige um mínimo de cinco mil reais, um investidor que tenha menos do que este patamar não pode diversificar suas aplicações incluindo este fundo.

O ideal na diversificação é incluir ativos mais e menos líquidos, com maior e menor nível de risco e rentabilidade, de vários mercados, de forma a reduzir o risco geral da carteira de perdas provocadas por uma rentabilidade baixa ou negativa de um único ativo. E dentro de um mesmo mercado, como o de ações, o mais recomendado é diversificar a carteira em vários papéis (também de diferentes setores da economia), novamente com o objetivo de reduzir os riscos.

Esta é uma idéia, abaixo segue um patamar teórico, exibido através da teoria do portfólio, elaborada a partir dos estudos de William Sharpe e Harry Markowitz.

 

Teoria do Portfólio

 

           Em 1798, uma expedição francesa sob o comando direto de Napoleão Bonaparte invadiu o Egito. Suas tropas possuíam apenas mapas rudimentares e não possuíam quase nenhum conhecimento do clima e relevo locais. A invasão foi um desastre do começo ao fim até quando, três anos depois, as últimas tropas francesas, sem moral, doentes, passando fome e abandonadas por seu líder, foram expulsas de lá pelos turcos e ingleses.

Infelizmente, a maioria dos investidores dá o mesmo nível de importância ao planejamento de seus investimentos, sem conhecimento da natureza do “terreno” de suas aplicações. Sem um conhecimento da relação entre risco e retorno, da estimativa de ganhos, da relação entre os agentes, e as mecânicas do design de portfólios, eles estão fadados a falhar, assim como as tropas napoleônicas.

Diante do cenário econômico atual, onde a incerteza e a indecisão fazem parte da vida econômica cotidiana, os investidores estão cada vez mais buscando aplicar seu dinheiro num investimento seguro e ao mesmo tempo rentável.

 

Risco e Retorno

 

Risco é um conceito abstrato. Um economista considera o risco como expresso pelas preferências de uma pessoa. O que um indivíduo avalia como arriscado pode não ser arriscado para outra pessoa.

Necessitamos então de uma definição operacional, mas também universal e impessoal de risco. Num ambiente onde atuam administradores financeiros das empresas, além de pessoas, não podemos utilizar-nos de uma visão pessoal de risco. Por esta razão, a medida de risco que buscaremos utilizar será incerteza, e não risco.

Necessitamos também de uma definição flexível de risco. Nossa definição de risco deve-se aplicar tanto para ativos individuais quanto para portfólios. Devemos ser capazes de falar sobre risco realizado no futuro e também de prever o risco em qualquer horizonte de futuro.

Buscamos então nos limitar a uma medida de risco que podemos prever com precisão. Parcialmente por esta razão, necessitamos de uma medida de risco que nos permita fazer esta medida de ativos até portfólios. Então essa medida de risco tem de atender a diversos critérios, e ao mesmo tempo possuímos diversas medidas de risco.

Risco, no sentido mais básico, é a chance de perda financeira. Ativos com chances maiores de perda são vistos como mais arriscados do que aqueles com chances menores de perdas. Colocado formalmente, o termo risco é usado alternadamente com incerteza ao se referir à variabilidade de retornos associada a um dado ativo.

Já o retorno é definido como o total de ganhos ou perdas ocorrido através de um dado período de tempo. Ele é comumente mensurado como a variação no valor mais quaisquer distribuições de caixa durante o período, expresso como uma porcentagem do valor de investimento de início do período.

 

CAPM (Modelo de precificação de ativos de capital)

 

O Modelo de precificação de ativos de capital, proposto originalmente por William F. Sharpe, prediz o relacionamento entre o risco e o equilíbrio dos retornos esperados nos ativos de risco.

Neste modelo o risco não-diversificável, por ser o risco relevante na diversificação de um portfólio, este é medido através do coeficiente beta. Ele é um índice do grau de movimento do retorno de um ativo em resposta a uma mudança no retorno do mercado. O coeficiente beta para um ativo pode ser achado ao se examinar os retornos históricos do ativo relativamente aos retornos do mercado. O retorno do mercado é o retorno sobre o portfólio do mercado e todos os títulos negociados.

O beta é medido pela inclinação da reta que relaciona o retorno do ativo e o retorno do mercado sendo assim, quanto maior for o beta mais sensível é o ativo às mudanças de retorno do mercado e, por conseguinte é mais arriscado.

O beta de um portfólio pode ser facilmente estimado ao se usar betas dos ativos individuais que estão incluídos nele, multiplicado por sua proporção no portfólio.

O coeficiente beta para o mercado é considerado que seja igual a 1; todos os outros betas são vistos em relação a esse valor. O resultado de uma ação que tem a metade da sensibilidade que o mercado (b= 0,5) é esperada que mude em 0,5% para cada 1% de mudança no retorno do portfólio do mercado.

Vimos que o risco de qualquer ação poderia ser decomposto em risco sistemático ou não sistemático. O beta era o índice de risco sistemático. Essa equação confirma a conclusão de que o risco sistemático é o único ingrediente importante da determinação de retornos esperados, e que o risco não sistemático não desempenha função alguma. Em outras palavras, o investidor é remunerado por assumir risco sistemático. Não é a variância total dos retornos que afeta os retornos esperados, mas somente aquela parte da variância dos retornos que não pode ser eliminada pela diversificação de investimentos. Esse resultado tem forte significado econômico, pois, se os investidores puderem eliminar todo o risco não sistemático por meio de diversificação, não haverá razão para serem remunerados, em termos de retornos mais altos, por assumi-lo.

 

Críticas

 

As críticas à diversificação são oriundas dos novos estudos em finanças, principalmente das finanças comportamentais, na discussão sobre a racionalidade dos investidores. Para que a teoria do portfólio tenha utilidade, deve-se adotar a premissa de que os investidores são racionais, e vão sempre escolher os seus investimentos maximizando a utilidade do investimento (menor risco o possível para o nível de retorno desejado, ou o maior retorno o possível para o nível de risco desejado).

Os estudos de Daniel Kahneman, psicólogo e Nobel de Economia em 2002, levam a crer que os investidores não são racionais. Através de estudos com simulações de situações reais de investimento, percebeu que o ser humano super valoriza o risco e deprecia o retorno em suas escolhas, optando ora pela opção mais arriscada (quando o prêmio é maior, efeito mega-sena), ora pela de menor utilidade (quando já ganhou algum dinheiro, mas tem risco de perder tudo).

É importante o conhecimento da “Teoria do Portfólio”, e da lógica da diversificação, para incorporar nos conhecimentos sobre o mercado financeiro, apoiando na tomada de decisão de alocação estratégica dos ativos.



Comente