Administrador Rural – Desafios da Crise para o profissional



Entrevista concedida para a Revista Brasileira de Administração (http://www.rbaonline.org.br).
1 – Em tempos de crises econômicas, globalização, como vê a questão da administração rural em relação à sobreviência e ou o sucesso de empreendimentos e instituições, sejam eles públicos ou privados,  cooperativas, organizações de agricultores familiares, grandes empresas de agronegócios e para demais organismos que lidam com a difusão de informações para esses segmentos?
Crises são inerentes ao sistema capitalista neo-liberalista que vivemos. Ou seja, crises fazem parte do ciclo dos negócios de qualquer setor, terciário, secundário ou do setor primário, extrativista. Esta crise é passageira, e sem dúvida não é a única.
O agronegócio no Brasil tem apresentado números positivos no que tange áreas cultiváveis, tecnificação, e inclusive distribuição de renda. Os grandes produtores estão aí para ficar, e “vai crise, vem crise”, continuarão produzindo. Os agricultores familiares (organizados ou não – cooperativas) passam por uma situação complicada, mas ainda garantem sua subsistência. As grandes empresas de agronegócios, por andarem muito alavancada (financiamento representando grande parte de seu patrimônimo), sofrem mais (em termos de volume de capital), mas com algumas reduções em sua estrutura, e pacotes multinacionais, conseguem conter qualquer sinal de falência.
Os organismos que lidam com a difusão de informação aproveitam a oportunidade para se consolidarem como centros de geração e distribuição de conhecimento para estas empresas, e a crise é mais uma pauta do dia-a-dia.
2 – Agrônomos, veterinários, zootecnistas, engenheiros florestas etc, que atuam no ou para o meio rural, estão preparados para a questão vital da administração rural?
Se considermos o aspecto da gestão como sendo crucial para a obtenção de bons resultados, a formação básica (universitária) destas áreas passa apenas perto das questões de gestão, e a formação mais tecnicista não permite que estes profissionais se aprofundem nos conhecimentos de administração.
A única formação destes profissionais como gestores vem da experiência do dia-a-dia da lida no campo, o que com certeza não traz os conhecimentos necessários para que estes possam crescer no mercado.
A formação na área de administração permite uma visão mais global (holística), permitindo a elaboração de estratégias que fazem sentido para atingir os objetivos das empresas.
3 – Há espaço para administradores especializados no agronegócios e empreendimentos agropecuários?
Sem dúvida alguma!! Não só as grandes organizações que precisam de gestores com capacidade operacional e principalmente formação gerencial, mas também os pequenos produtores, que estão se associando e que precisam de direcionamento. O administrador com foco no agronegócio tem tido bastante espaço, principalmente com novos softwares de controle, ou mesmo dispositivos financeiros (como o hedge agrícola, que serve para garantir o preço de venda do commodity), mostram a importância do gestor para o resultado final.
Com certeza ainda existem desafios no convencimento da importância deste profissional, mas o grau de especialização exigido na gestão tem feito com que as empresas (novas ou não) busquem mais o trabalho do administrador.
4 – Que recomendação faz aos alunos que cursam  Administração em relação à Administração Rural?
A palavra da vez é a especialização! Escolha uma grande área, finanças, produção, recursos humanos ou marketing, e seja extremamente competente em uma delas. São áreas com foco bastante diferente, e que o seu diferencial vai ser o quanto você entende do assunto que escolher acompanhar.
É importante que se tenha uma formação generalista, entendendo como funciona cada uma das outras 3 áreas, mas hoje em dia é impossível acompanhar a evolução das quatro grandes áreas.
Participe de projetos na sua Universidade, através da Empresa Junior (já existem empresas juniores que trabalham só com o foco rural). Esta experiência vai contar muito, se aliada com uma formação sólida, e muito estudo, mas muito, muito trabalho.


Comentários

  1. João Guilherme disse:

    Dizer que Engenheiros Agronomos não tem formação para trabalhar com administração e planejamento rural é o mesmo que dizer que matemáticos não são habilitados para trabalhar com processos estatísticos. Tenho as duas graduações e, com certeza, as duas se complementam. Mas não façam administração para trabalhar com o agronegócio, porque jamais um empresário rural contratará um administrador e um agronomo para a propriedade…Ele contratará um agrônomo, pois, ao contrário do explicitado nesta entrevista, existe sim um grande foco em administração e planejamento de empreendimentos rurais no curso de agronomia. O próprio Técnico agrícola tem formação bastante boa em gestão rural. Tudo isto pode ser complementado cursos de especialização. Acredito que esta pessoa necessita reanalisar os currículos dos cursos citados, antes de dar outra entrevista e ficar falando bobagem…

  2. Olá João,

    Obrigado por sua participação na discussão do tema. Desculpe-me se minha opinião soou como bobagem, não foi a intenção.

    Acredito, no entanto, que houve uma leitura equivocada do artigo. O texto não disse que os Engenheiros Agrônomos não possuem formação para trabalhar com administração e planejamento, apenas que a formação é mais técnica do que gerencial.

    Da mesma forma que as profissões técnicas da área rural usam dos anos de formação para estudar assuntos técnicos, a administração consome os mesmos anos para falar de gestão.

    Concordo sobre o matemático PODER trabalhar com processos estatísticos, e espero que as faculdades brasileiras estejam formando estes profissionais para tal. Espero honestamente também que, na formação do engenheiro agrônomo este receba também excelente formação na área de gestão.

    Minha percepção é que os currículos destas formações são fantásticos no papel, mas, como colocado na entrevista, não acredito que estejam sendo realmente obtidos na prática, opinião esta formada principalmente quando visito empresas agropecuárias para conhecer suas estruturas de gestão.

  3. Eliana de Olieira Trindade disse:

    temos uma propriedade na fronteira com MS e Paraguai, plantamos soja, meu filhos se formou no ano passado em Engenharia Agronomica e esta procurando uma Pós em Gestao de Agro-Negocios para iniciar ainda este ano, fez uma ótima faculdade, não tem formação matemática mas é muito bom em matematica, cursou Kumon vários anos qdo jovem e se necessidade desta pós graduação, acredito q td q vier a acrescentar é bom!!!

  4. Mariana disse:

    Sou Veterinária e estou completamente contra seus argumentos que dizem que Agrônomos, assim como Veterinários não são aptos para Administrar uma fazenda. Fazemos matérias cujos nomes são: Administração rural, Planejamento Rural, fora os projetos para fazendas como forma de trabalho para graduação, e diferentes áreas do nosso curso. Um profissional na área reconhece a fazenda, seus produtos, sabe calcular quanto vai utilizar de cada necessidade, cada medicamento calculado, o contrario de outro profissional da área que ira comprar as doses primeiramente pelo mandato de um Veterinário ou Agrônomo, para assim concluir sua total administração da Fazenda.

    Obrigada,

    Creio que seja melhor estudar para poder afirmar algo com tanta certeza!

  5. RICARDO DE SOUZA disse:

    EU ESTOU QUERENDO MIM FORMA EM ADMINTRAÇAO DE EMPRESA POSSO FAZER UMA PÓS GRADUAÇAO EM ADMINISTRAÇAO DE RURAL

  6. […] o surgimento e a popularização da tecnologia, surgirão ainda mais desafios para os profissionais do campo que precisam se atualizar e, oportunidades para aqueles que estão familiarizados com os […]

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